jueves, 4 de noviembre de 2010

Ciclos

Esses dois dias atrás estava um pouco sem energia, mas tudo já voltou ao ritmo normal...

"Nascer e Morrer, processo constante. A cada instante nascemos e morremos. A unica coisa permanente é a mudança. No meio de tanto agito e transformação busco a tranquilidade na aceitação. Aceito o meu novo eu e também o novo mundo que me rodeia. Tento não me apegar no passado e insisto em não pensar no futuro.
Tudo o que necessito é aproveitar o agora. As vezes é difícil. Lembranças me perseguem e com elas a saudade vem. A incerteza sobre o futuro também da as caras. Tento não pensar. So observar. Observar o agora e me deixar levar. Tanto pensar atrapalha, anestesia e as vezes até mata os instintos. O estado meditativo ajuda a desconectar. Tento alcançar a "não mente" mas o meu ser racional interfere. O mesmo ser racional que me ajudou a trilhar o meu caminho. Mas o novo individuo que se forma a cada dia sente a importância do inconsciente. É hora de deixar o sub-consciente aflorar. É hora de morrer para logo voltar a nascer."

Sei que esse papo todo tem pinta de hiponga yogi doidão mas quero descrever a experiência na qual esse texto veio a minha cabeça...

Sentado 'a beira do rio espero. Acompanho o trabalho do barqueiro. Salta de barco em barco ate alcançar o próprio. Desfaz os amarres e com a ajuda de um remo se aproxima 'a escadaria. Com o sol já mais próximo ao oeste embarcamos. Remando contra corrente o pequeno indiano de braços fibrosos cruzou o rio em menos de vinte minutos. Nessa época do ano as aguas dos Ganjs baixam consideravelmente. Em uma das margens a cidade ganha espaço e as escadarias reaparecem, na outra se forma uma "praia". Mistura de areia, lama e barro, a praia dos Ganjs se estende por uns bons km's. Ao chegar ao outro lado avistei uma manada de búfalos. Uma das pessoas que vieram comigo deu a idéia de nadar. Eu não estava preparado e nem havia cogitado a idéia de entrar na 'agua. A verdade é que me surpreendi com o estado do rio. Bastante limpo para o que esperava e também não senti nenhum tipo de fedor. Ha anos um professor local esta lutando pela limpeza e conservação das aguas sagradas. Pelo visto o projeto tem dado resultados positivos. Andres pulou de cabeça. Seguido por Paloma e Greg. Impulsionado por essa inveja positiva tirei a roupa e entrei. A sensação de barro nos pés era um pouco incomoda no começo. Durante alguns segundos parei de pensar. Havia um silencio e uma tranqüilidade dentro dessas aguas. Quase instantaneamente minha cabeça reavivou e entendi. Vi claramente o quão intenso e cheio de vida é esse rio. Percebi que é um lugar sagrado independente de motivos religiosos. Pessoas nascem, vivem e morrem no rio com tal naturalidade que todos fazem parte de um. Existe uma união e constância no processo de vida e morte. E os Ganjs são o símbolo desse fenômeno. Tudo acontece no rio. O começo, o meio, o fim e o recomeço. O ciclo de morte e vida e reencarnação acontece constantemente. "Reencarnação" não nos conceitos religiosos. Reencarnação da matéria e da energia. A diferença entre chegar a essa conclusão e experimentar esse fato é muito grande. E o simples fato de entrar nessas aguas melhorou meu dia e meu humor. Olho para a margem e avisto a Ada. A 'unica do grupo que decidiu não entrar. Segundo ela o problema não é nem a sujeira nem a possibilidade de se contaminar mas sim a relação entre a morte e o rio. Sorrio por dentro(para mim, essa mesma relação com a morte faz do rio um lugar cheio de vida). Sai do banho revigorado. Nos secamos com o resto de sol. Logo ele se escondeu atrás da cidade e embarcamos de volta. E com essa pequena excursão calibrei as energias e pude começar a me despedir dessa maravilha de cidade. Namaste Varanasi, namaste.

2 comentarios:

  1. Filho, além de fotos maravilhosas vc agora produz textos que demonstram a clareza de seus pensamentos e emoções. Meu sentimento é que o aprendizado esta se consumando, e que os Mestres estão lhe inspirando. Com amor, papai. Namastê.

    ResponderEliminar