Finalmente os planetas se alinharam na forma necessária. Tudo conspira para que meus planos se materializem em datas e passagens de avião. O meu antigo plano de não planejar é passado. O início dessa nova fase foi marcado por um simples fato. Consegui visualizar o saldo da minha conta bancária. Depois de meses sem ter ideia de como andava a minha reserva, hoje eu vi os números. Fiz meus cálculos e cheguei a conclusão:
+ dinheiro na conta
+ efectivo
+ 500 euros que me devem por ai
+ algumas passagens aéreas pagas por cartões de crédito e/ou trocadas por milhas
=
+ um mês na Índia
+ um mês no Sri Lanka
+ um mês na Tailândia
+ dois meses e meio entre Vietnam, Cambodja e Laos
+ passagem de volta pra Europa
+ dinheiro para viver um mês(morando de favor na casa de um amigo)
O próximo passo no quesito organizacional será comprar a passagem de volta à Europa. Por volta da última semana de Abril tenho que estar pousando no antigo continente. E dia primeiro de maio, dia do trabalhador, se tudo der certo, devo voltar ao meu antigo trabalho. A proprietária do Escape me ligou na semana passada oferecendo meu trabalho de volta. Se o plano der certo, dia 01/05/2011 estarei em Palma de Mallorca. Praticamente um ano depois da minha partida. A possibilidade de voltar pra ilha me alegra. Sai de lá com um gostinho de que uma temporada a mais me faria bem. Minha mente empolga com os planos. Chego a pensar que não estaria nada mal planejar o natal e ano novo de 2011 no Brasil. Já nem lembro quando foi a última vez que passei as festas na companhia da família e antigos amigos. Para tudo. Ano novo de 2011 é daqui um ano!!! Devo voltar ao presente. Hoje, dia 28/11/2010, cheguei em Anjuna no norte de Goa. Saí de Porvorim por volta das onze da manha. Meia hora depois parei em Baga para tomar o café-da-manha e trocar de moto. Pela primeira vez na vida dirijo uma moto de "verdade". Estilo chopper, vermelha e de nome Avenger. Apesar de seus 250cc não parecerem muito, o barulho do motor é o rock n roll que meus ouvidos tanto ansiavam escutar. Avanço por uma estrada secundária à 30 km/h. "Pô pô pô pô..."(barulho da moto) durante quinze minutos e estaciono a moto no paraíso. Não que a praia ou o vilarejo mereçam tal adjectivo, mas é o nome da pousada na qual me hospedarei. Comecei bem a semana. Segundona braba de muito trabalho!!! Como diz a música:"meu escritório é na praia". Escrevo essas linhas com os pés enterrados na areia, tomando uma breja gelada e esperando o peixe que pedi para o almoço. Para todas as pessoas que diriam:"que inveja", ou algo parecido, eu tenho uma sugestão: Mande teu chefe tomar no cú e vá pra Bahia!

martes, 30 de noviembre de 2010
27/11/2010
Old Goa foi a capital da ex-colônia portuguesa até meados de 1850 quando foi abandonada. Por causa da peste os portugueses se mudaram à Panaji. A antiga capital ainda conserva suas igrejas, dentre as quais se encontra a catedral da Sé(a maior igreja da Asia). Com exceção do vai e vem de fiéis e turistas a cidadezinha é como uma povoado fantasma. Dou uma volta com a moto, parando nas principais igrejas. Me sento à beira do rio Mandori e aprecio a tranqüilidade do lugar. Posso escutar o vento cortejando as águas do rio.
sábado, 27 de noviembre de 2010
sombra e água fresca
Na última semana passei mais de 65 horas dentro de um trem. Para muitas pessoas seria um suplício, para mim é um prazer. A sensação de movimento me acalma. Me pacifica. Viver o movimento me realiza. Durante essas largas horas estou completo, sem medo nem receios. Pouco importa o destino. Só a estrada conta. Ë como se eu tivesse encontrado no vagar sem rumo uma experiência mais gratificante que alcançar um destino.
Caminho - Tao - Estrada
Chego em Goa na estação de trem de Margao. Pego um ónibus em direçao à capital. Uma hora depois chego em Panaji. La encontro a Debbie, senhora que conheci durante o curso de meditação. Ela será a minha anfitriã na ex-colónia portuguesa. A temporada alta começara em duas semanas e os preços de hospedagem já estão bem altos. É bom ter um lugar para ficar grátis e melhor ainda estar sob os cuidados de uma pessoa local. Na primeira noite saímos para jantar com um grupo de amigos. O melhor file que comi no últimos tempos. No dia seguinte vou com Joanne, uma amiga de Debbie, alugar uma moto. Vermelha, com modestos 150cc, ignição electrónica e de nome Pulsar. 250 rupias por dia(4,5 dólares). Encho o tanque(400 rupias) e saimos pra tomar um café. Paramos em Baga. Moto e casa. Amanha pego estrada rumo ao sul. Direçao Palolem. Praia, sombra e cerveja fresca... até parece que estou de férias ;)
Caminho - Tao - Estrada
Chego em Goa na estação de trem de Margao. Pego um ónibus em direçao à capital. Uma hora depois chego em Panaji. La encontro a Debbie, senhora que conheci durante o curso de meditação. Ela será a minha anfitriã na ex-colónia portuguesa. A temporada alta começara em duas semanas e os preços de hospedagem já estão bem altos. É bom ter um lugar para ficar grátis e melhor ainda estar sob os cuidados de uma pessoa local. Na primeira noite saímos para jantar com um grupo de amigos. O melhor file que comi no últimos tempos. No dia seguinte vou com Joanne, uma amiga de Debbie, alugar uma moto. Vermelha, com modestos 150cc, ignição electrónica e de nome Pulsar. 250 rupias por dia(4,5 dólares). Encho o tanque(400 rupias) e saimos pra tomar um café. Paramos em Baga. Moto e casa. Amanha pego estrada rumo ao sul. Direçao Palolem. Praia, sombra e cerveja fresca... até parece que estou de férias ;)
lunes, 15 de noviembre de 2010
geraçao "y", y agora que?¿?
outro dia a Ju me mandou um link: http://vimeo.com/16641689. Um vídeo chamado "we all want to be young". Produção de uma empresa de pesquisa e tendência que fala sobre a geração Y(a juventude actual: http://en.wikipedia.org/wiki/Generation_Y). O vídeo em si é muito bem elaborado, editado e, como algumas pessoas comentaram, artístico. Mas no meio de tanto elogios encontrei algumas críticas pertinentes. Nada negativo sobre o vídeo em si, mas sobre a ideia como um todo. E tenho que concordar com essa minoria. A geração actual esta impregnada por futilidades, comodismos e conformismos. Na necessidade de fazer parte de um algo maior(nesse caso de um grupo) nos preocupamos em nos rotular e criar uma imagem Cool da nossa época. Uma imagem legal o suficiente que caracterize a evolução. Mas no final das contas nos rotularam baseando-se em futilidades. Autores que estudam o sociedade "norte americana" estabelecem padrões que logo são utilizados para classificar toda uma faixa etária de integrantes da população mundial. A geração actual tende a ser homogénea num contexto mundial. As tendências se espalham rapidamente através da internet. Mas essa identidade global parece não atrair atenção suficiente aos problemas existentes em nosso mundo. Talvez atenção não seja a palavra mais adequada(quem sabe "reaçao" seria a palavra). A minha geração esta preocupada com o "EU"(exterior) e com a aceitação social. Estamos esquecendo(memória selectiva é foda...)que o que realmente importa é o bem estar de todos. Em pleno século XXI pessoas morrem de fome e por falta de assistência médica. É para indignar se. Guerras ainda são motivadas por diferenças religiosas ou pelo controle do petróleo mundial. Investimentos massivos são feitos em tecnologia militar. Não sou nenhum matemático nem economista mas arrisco afirmar que com tanto capital poderíamos financiar a revolução da energia verde e reestruturar todo o sistema educacional e médico mundial. Deveríamos começar a discutir uma nova ordem mundial. Uma sociedade verdadeiramente global. Globalmente justa, aonde todos tenhamos as condições básicas para desenvolvermos como indivíduos. Não falo de um mundo utópico. Falo do nosso mundo, do hoje e agora, aonde provavelmente já tenhamos a tecnologia necessária para estabelecer um estilo de vida sustentável. Somos a geração que evolui de forma mais rápida. Temos a nosso favor todo um mundo de informações e contactos que são acessíveis com um só click. A questão não é rotular a nossa geração com características visíveis apenas aos olhos. A questão É: o que vamos fazer com o poder de transformação que nos foi dado? Vamos buscar o conforto no individualismo e utilizar nossa criatividade só para sentir nos únicos ou vamos nos unir e utilizar essa mesma criatividade para encontrar soluções práticas que melhorem o nosso mundo. Vamos ser a geração "y nada mudou" ou vamos ser a geração que estabeleceu uma nova forma de viver? A escolha está em nossas mãos...
stress no país zen
Os dias em Pondy passaram com calma. Acordava à qualquer hora, pegava a moto e ia tomar meu café e comer uns croassants. Dava uma volta pela praia e depois escolhia um restaurante para o almoço. Não estava com vontade de fazer nada mais que dar voltas de moto e comer bem. Pondicherry foi realmente uma pausa na minha viagem pela Ásia. Mas chega a hora de seguir e compramos as passagens para Kollan, no estado do Kerala. Dois dias antes do embarque recebo uma ligação. Tenho que voltar à Delhi. Não acredito que tenho que voltar. Dos três meses que estou aqui devo ter passado umas duas semanas na capital. Quem sabe não deveria cancelar o resto da viagem na Índia só para não correr o risco de voltar à Delhi por uma quinta vez...
Shit Happens
Perdi o dinheiro da passagem pro Keral e tive que comprar uma para Delhi no valor de 2.000 rupias(40 dólares). A viagem começa às 04:00 com o check out do albergue; 4:10 entramos em um rickshaw em direçao à estação; 4:30 passagem comprada para Chennai; 05:37 o trem parte; 10:15 chegamos à Chennai; 10:50 discussão com o taxista(que queria cobrar o triplo do preço estipulado pela corrida); 11:20 café-da-manha, seguido de meia hora de fila para deixar as malas no guarda volumes; 12:30 fila para ir ao cinema; 14:50 ainda bem que esse filme de merda terminou(The Social Network, não assistam, repito, não assistam); 15:05 discussão com outro taxista; 16:20 pausa para um café; 16:30 faltando seis horas para o começo de uma viagem de quarenta horas explodi*
*Peço um expresso. O barista errou na preparação e um pouco de borra de café caiu na xícara. Observo enquanto ele sorri para o companheiro e mete o dedo dentro do café para "limpar" a taça. Logo sorrindo me entrega o expresso. Lhe digo que não quero mais. Sorrindo me diz que não é possível cancelar o pedido e que ele me faria outro café. Sorrindo lhe digo que não me importa o que ele pode ou não pode fazer e afirmo que não vou pagar porra nenhuma(nesse momento meu sangue está fervendo e tenho a sensação que estou Tao carregado de energia negativa que poderia pegar o café e lança-lo na parede, coisa que não faço). O garçom percebe que não estou brincando e finalmente o sorriso de merda deixa de existir. Me pede desculpas e não cobra nada.
17:00 saio da cafetaria com vontade de quebrar algo. 17:20 me acalmo e reflicto: sei que exagerei na reaçao e que estou estressado por outros motivos e tento me controlar mas toda a situação me fez pensar. Cheguei a conclusão que estou cansado desses sorrisos falsos. Sorrisos que escondem a verdade. A verdade é que o estilo de vida ocidental já poliu demais essas terras. Por mais espiritualizados que sejam o carácter de grande parte da população já foi contaminado pelo vírus do capital. Ganancia. Antes, dizem, que o sorriso do indiano era puro e receptivo. Hoje quase todo sorriso vem acompanhado de segundas intenções. Sei, por experiência de viajante que sou, que em todo o mundo existem boas pessoas e pessoas de merda. Infelizmente na Índia de hoje em dia um lema predomina: "Money talks, shit walks". The American way of life spreading shit around the world. 22:00 acomodo minha bagagem no trem, 40 hrs de vigem pela frente...
PS: Antes mesmo de dormir já me sentia mais calmo e sei que deixei o meu lado pessimista e negativo tomar conta. Mas continuo pensando que o ocidente está influenciando negativamente a sociedade indiana. Acho que Gandi talvez precise ressuscitar para resgatar os antigos ideais e conceitos da verdadeira sociedade indiana.
Shit Happens
Perdi o dinheiro da passagem pro Keral e tive que comprar uma para Delhi no valor de 2.000 rupias(40 dólares). A viagem começa às 04:00 com o check out do albergue; 4:10 entramos em um rickshaw em direçao à estação; 4:30 passagem comprada para Chennai; 05:37 o trem parte; 10:15 chegamos à Chennai; 10:50 discussão com o taxista(que queria cobrar o triplo do preço estipulado pela corrida); 11:20 café-da-manha, seguido de meia hora de fila para deixar as malas no guarda volumes; 12:30 fila para ir ao cinema; 14:50 ainda bem que esse filme de merda terminou(The Social Network, não assistam, repito, não assistam); 15:05 discussão com outro taxista; 16:20 pausa para um café; 16:30 faltando seis horas para o começo de uma viagem de quarenta horas explodi*
*Peço um expresso. O barista errou na preparação e um pouco de borra de café caiu na xícara. Observo enquanto ele sorri para o companheiro e mete o dedo dentro do café para "limpar" a taça. Logo sorrindo me entrega o expresso. Lhe digo que não quero mais. Sorrindo me diz que não é possível cancelar o pedido e que ele me faria outro café. Sorrindo lhe digo que não me importa o que ele pode ou não pode fazer e afirmo que não vou pagar porra nenhuma(nesse momento meu sangue está fervendo e tenho a sensação que estou Tao carregado de energia negativa que poderia pegar o café e lança-lo na parede, coisa que não faço). O garçom percebe que não estou brincando e finalmente o sorriso de merda deixa de existir. Me pede desculpas e não cobra nada.
17:00 saio da cafetaria com vontade de quebrar algo. 17:20 me acalmo e reflicto: sei que exagerei na reaçao e que estou estressado por outros motivos e tento me controlar mas toda a situação me fez pensar. Cheguei a conclusão que estou cansado desses sorrisos falsos. Sorrisos que escondem a verdade. A verdade é que o estilo de vida ocidental já poliu demais essas terras. Por mais espiritualizados que sejam o carácter de grande parte da população já foi contaminado pelo vírus do capital. Ganancia. Antes, dizem, que o sorriso do indiano era puro e receptivo. Hoje quase todo sorriso vem acompanhado de segundas intenções. Sei, por experiência de viajante que sou, que em todo o mundo existem boas pessoas e pessoas de merda. Infelizmente na Índia de hoje em dia um lema predomina: "Money talks, shit walks". The American way of life spreading shit around the world. 22:00 acomodo minha bagagem no trem, 40 hrs de vigem pela frente...
PS: Antes mesmo de dormir já me sentia mais calmo e sei que deixei o meu lado pessimista e negativo tomar conta. Mas continuo pensando que o ocidente está influenciando negativamente a sociedade indiana. Acho que Gandi talvez precise ressuscitar para resgatar os antigos ideais e conceitos da verdadeira sociedade indiana.
viernes, 12 de noviembre de 2010
diário
08/11
Acordo sem energia e com preguiça de dirigir. Enrolo para sair da cama. Quando finalmente saio o tempo fecha e devolvo a moto. Chuva pelos próximos dois dias. Parece que escutar o meu sexto sentido tem dado resultado. Não quero nem imaginar estar à 50 km´s de qualquer lugar dirigindo uma moto baixo chuva torrencial. Aproveito esses dias para descobrir a culinária local, ler e escrever. Os cardápios estão repletos de peixe. Comida boa, praias bonitas, menos turistas e pessoas amigáveis. Definitivamente voltarei a Orissa em uma próxima viagem à Índia. Amanha, 26 horas de trem me esperam. Próximo destino: Pondicherry. Cidade situada no sul do país. Ex colónia francesa e aonde é possível comer carne. Nem posso acreditar que vou comer um file dentro de algumas horas.
09/11
Com apenas duas horas de atraso e baixo chuva tropical chego à Pondy. Primeira impressão: tudo molhado(rsrs)… Cidade limpa, arquitetura europeia, menos barulho, pessoas vestidas com mais jeans e menos saaris, restaurantes anunciando “steak with mostard souce” e bares, bares de verdade. Acho que dormi no trem estando na Índia e acordei numa cidade de alguma colónia francesa do começo do século vinte. Poderia pensar também que entrei em um set de filmagem de Bollywood. Mas Pondicherry é assim de verdade. Possui esse espírito europeu que se caracteriza pelos croissants no café-da-manha e cocktails de depois do jantar. É como uma pausa na minha viagem ao oriente.
Acordo sem energia e com preguiça de dirigir. Enrolo para sair da cama. Quando finalmente saio o tempo fecha e devolvo a moto. Chuva pelos próximos dois dias. Parece que escutar o meu sexto sentido tem dado resultado. Não quero nem imaginar estar à 50 km´s de qualquer lugar dirigindo uma moto baixo chuva torrencial. Aproveito esses dias para descobrir a culinária local, ler e escrever. Os cardápios estão repletos de peixe. Comida boa, praias bonitas, menos turistas e pessoas amigáveis. Definitivamente voltarei a Orissa em uma próxima viagem à Índia. Amanha, 26 horas de trem me esperam. Próximo destino: Pondicherry. Cidade situada no sul do país. Ex colónia francesa e aonde é possível comer carne. Nem posso acreditar que vou comer um file dentro de algumas horas.
09/11
Com apenas duas horas de atraso e baixo chuva tropical chego à Pondy. Primeira impressão: tudo molhado(rsrs)… Cidade limpa, arquitetura europeia, menos barulho, pessoas vestidas com mais jeans e menos saaris, restaurantes anunciando “steak with mostard souce” e bares, bares de verdade. Acho que dormi no trem estando na Índia e acordei numa cidade de alguma colónia francesa do começo do século vinte. Poderia pensar também que entrei em um set de filmagem de Bollywood. Mas Pondicherry é assim de verdade. Possui esse espírito europeu que se caracteriza pelos croissants no café-da-manha e cocktails de depois do jantar. É como uma pausa na minha viagem ao oriente.
Free Rider
Estou lendo “Hells Angels” do Hunter S. Thompson. Que vontade de subir em uma Harley e vagar pelas estradas dos mundo. Com a minha experiência motociclista ainda não estou preparado para tal aventura. Tenho que rodar muitas horas antes de me sentir confiante o suficiente. Decido seguir com o treinamento e alugo uma Honda Hero para viajar por Orissa. A H.H. é uma moto de 125cc do estilo da CG utilizada pelo noventa por cento dos motoboys brasileiros. Céu azul com algumas nuvens brancas. Um casal que conhecemos no albergue se ofereceu para nos mostrar o caminho para uma certa Praia. Um mexicano e uma portuguesa, que viajam em uma Royal Enfield. As 10 da matina partimos. Estrada plana e asfalto perfeito, nem podia acreditar. Depois de uns oito km entramos em uma reserva ambiental. Uma alameda arborizada que se alarga por milhas e milhas. Sinto mais confiante em guiar a moto e a sensação de liberdade me deixa arrepiado(ou foi a brisa do mar?¿?). Eles dão seta e param em um restaurante à beira da estrada. Nós seguimos na estrada. Chegamos no Sun Temple(http://en.wikipedia.org/wiki/Konark_Sun_Temple). Demos uma volta por fora e meia volta. Paramos no mesmo restaurante e a Bullet ainda estava no estacionamento. Perguntamos pelo casal e nos informaram que estavam na Praia. Começamos a caminhar mas o gerente do restaurante bloqueou nosso passo. Com um sorriso na cara falou: ”vou mandar um dos funcionários com vocês, já que é uma caminhada no meio da mata e vocês poderiam se perder”. Com um sorriso na cara lhe respondo:”A la playa pues”. Sem entender, mas ainda sorrindo, chama um dos garçons. Caminhamos uns trinta minutos e ao chegar na Praia surpresa: Praia deserta, areia limpa e agua clara. Deixei a mochila e corri para dentro d´água. Começo gostar desse lugar. Outra coisa que encontrei de positivo é que aqui ainda não tentaram me passar a perna e as pessoas são gentis e desinteressadas. Melhor dito: gentis e correctamente interessadas. Acelero, responsavelmente, a minha moto. O vento me faz lacrimejar ou será que estou chorando de felicidade?
Saudades
Puxo conversa com um senhor sentado na mesa do lado. Aparenta ter uns 65 anos. Me conta que é médico e que há quinze anos trabalha como voluntário em uma tribo local. Passa metade do ano na Índia e a outra metade na Escócia, sua terra natal. O Dr. veio à Orissa pela primeira vez há 40 anos. Com um tom nostálgico descreve o paraíso. Uma figura muito interessante, que já viajou meio mundo e que, dentro de suas limitações, até hoje tenta melhorar o mundo. Me explica que Orissa é um dos estados mais pobres do sub-continente e por isso é menos influenciado pelo ocidente(o que faz dos locais mais amigáveis e menos capitalistas). Me explica também que ainda existem praias bonitas e limpas. Me da algumas dicas. Conversamos durante horas e em algum momento começamos a falar sobre música. Afirmo que sinto um pouco de inveja de ter vivido nos anos 70 e que entre o músicos que mais admiro estão Janes Joplin e Jimmy Hendrix. O médico começa a rir e vendo minha cara de interrogação explica: durante o ano que viveu em Londres conheceu a Hendrix. O hospedou durante uma semana enquanto o melhor guitarrista do mundo buscava um refúgio(estava escondendo dos jornais britânicos que não o deixavam em paz). Descreveu à Hendrix como um rapaz simples de uma mente brilhante que não se encaixava na sociedade em que vivia). Fiquei escutando as histórias deste true hippie. Terminou nossa conversa dizendo que sentia saudades daquela época. Época na qual as pessoas tinham ideais, ainda acreditavam em um mundo melhor e tentavam fazer algo para mudar ao invés de só reclamar. Se levanta, sorri e fala em um português cheio de sotaque: “Saudades”. Dentro te todas as palavras que já ouviu essa é a sua favorita, posso entender o porque.
miércoles, 10 de noviembre de 2010
Banheiro público
Chega a hora da despedida. Poderia passar mais tempo por aqui mas tenho que começar a mover me. Rumo ao sul, pela costa leste indiana. 20 horas de trem até Puri. Ex reduto hippie. Durante os anos 70 essa cidade da costa de Orissa era um dos destinos do movimento paz e amor. Caminho pelos becos de Varanasi. Não me perco mais. Depois de onze dias aqui meus sentidos já reconhecem o caminho. Conheço os cheiros, cores e o barulho das ruelas sagradas. Tomo um chai ao lado do Golden Temple. Acompanho o vai e vem de fiéis que visitam o templo Hindu. Alguns passam carregando flores e outros levam um pequeno pote cheio de água. Imagino que seja água dos Ganjs. Tenho curiosidade de ver o que acontece no templo mas não o suficiente para entrar. Além da preguiça, eu não curto muito entrar em templos. Tenho a sensação de invadir um local sagrado. Termino o chá e vou ao meu restaurante favorito. Peço um Chicken Thali(uma espécie de prato feito local que consiste em: arroz, chapati(pão), dal(uma espécie de curry amarelo), frango e outros dois tipos de vegetais). Enquanto como escuto um show de música indiana clássica. Em tão pouco tempo essa cidade me conquistou. Já tenho meus restaurantes favoritos, meus locais de descanso e até mesmo uma espécie de rotina(que consiste em me perder, fotografar, me achar e comer). Mas a estrada me chama e não resisto ao seu chamado.
Me vejo dormindo. De repente um leão se aproxima e começa a rugir. Acordo assustado. Estou na cama mais alta de um "trilixe" e o roncar de um dos passageiros supera o barulho do trem. São três da manha e todas as pessoas parecem dormir. Desço da cama e saio do vagão. Abro a porta e ascendo um cigarro. Sinto o vento enquanto vejo o ceú estrelado. Aqui, em algum lugar no meio do caminho entre Varanasi-Puri, a luz das estrelas reina no meio da escuridão do campo. Vontade de subir no teto do trem e conversar com o vento. Mas opto pela segurança e continuo sentado ao lado da porta. Meus pensamentos vagam. Depois de um tempo o sono vem. Com a ajuda de tapoes de ouvido ignoro o rugido do "leão" gordo que dorme na cama do lado. Na manha seguinte, depois do café-da-manha, volto a me sentar ao lado da porta. Observo a vida no campo e as horas passam voando. Mas não voaram rápido o suficiente para amenizar as 5 horas de atraso. Chegamos ao destino as 22:30. Isso nos obrigou a abrir o dito Guia turístico e escolher um lugar para dormir. Depois de fazer o check-in fomos jantar. Por sorte encontramos um restaurante aberto. A cidade já estava adormecida. De volta para o hotel e directo para a cama. Durmo com o barulho do mar e esse rugido é bem vindo.
O quarto está de frente para o mar. Me levanto e caminho pela areia. Um mal cheiro invade minhas narinas. Sigo andando e descubro a origem do fedor. Estou ao lado de uma vila de pescadores. Para minha surpresa, vejo alguns pescadores de cócoras cagando no mesmo lugar em que trabalham. Tenho que me desviar de fezes e pessoas defecando. Quando saio do perímetro do banheiro público, quero dizer da vila, a situação melhora. Praia larga, deserta e relativamente limpa(sem fezes). Tomo coragem, saio correndo e mergulho no mar. Depois de um tempo faço o caminho de volta, desta vez por dentro da cidade. Ruas de terra batida e pouco movimentadas. Paro para comer. Tenho a sensação que escolhi a praia errada, espero estar enganado e encontrar um paraíso escondido em algum lugar na periferia...
Me vejo dormindo. De repente um leão se aproxima e começa a rugir. Acordo assustado. Estou na cama mais alta de um "trilixe" e o roncar de um dos passageiros supera o barulho do trem. São três da manha e todas as pessoas parecem dormir. Desço da cama e saio do vagão. Abro a porta e ascendo um cigarro. Sinto o vento enquanto vejo o ceú estrelado. Aqui, em algum lugar no meio do caminho entre Varanasi-Puri, a luz das estrelas reina no meio da escuridão do campo. Vontade de subir no teto do trem e conversar com o vento. Mas opto pela segurança e continuo sentado ao lado da porta. Meus pensamentos vagam. Depois de um tempo o sono vem. Com a ajuda de tapoes de ouvido ignoro o rugido do "leão" gordo que dorme na cama do lado. Na manha seguinte, depois do café-da-manha, volto a me sentar ao lado da porta. Observo a vida no campo e as horas passam voando. Mas não voaram rápido o suficiente para amenizar as 5 horas de atraso. Chegamos ao destino as 22:30. Isso nos obrigou a abrir o dito Guia turístico e escolher um lugar para dormir. Depois de fazer o check-in fomos jantar. Por sorte encontramos um restaurante aberto. A cidade já estava adormecida. De volta para o hotel e directo para a cama. Durmo com o barulho do mar e esse rugido é bem vindo.
O quarto está de frente para o mar. Me levanto e caminho pela areia. Um mal cheiro invade minhas narinas. Sigo andando e descubro a origem do fedor. Estou ao lado de uma vila de pescadores. Para minha surpresa, vejo alguns pescadores de cócoras cagando no mesmo lugar em que trabalham. Tenho que me desviar de fezes e pessoas defecando. Quando saio do perímetro do banheiro público, quero dizer da vila, a situação melhora. Praia larga, deserta e relativamente limpa(sem fezes). Tomo coragem, saio correndo e mergulho no mar. Depois de um tempo faço o caminho de volta, desta vez por dentro da cidade. Ruas de terra batida e pouco movimentadas. Paro para comer. Tenho a sensação que escolhi a praia errada, espero estar enganado e encontrar um paraíso escondido em algum lugar na periferia...
Fácil - Difícil
Fácil é arrumar as malas;
Fácil é partir rumo ao desconhecido;
Também é fácil abandonar tudo e começar de zero.
Difícil é estagnarse;
Difícil é aceitar uma vida que nao é a sua;
E é ainda mais difícil passar a vida vendo os seus sonhos evaporarem.
O ser humano nasceu livre e capaz;
Livre para sonhar e capaz de realizar tais sonhos;
Fácil é partir rumo ao desconhecido;
Também é fácil abandonar tudo e começar de zero.
Difícil é estagnarse;
Difícil é aceitar uma vida que nao é a sua;
E é ainda mais difícil passar a vida vendo os seus sonhos evaporarem.
O ser humano nasceu livre e capaz;
Livre para sonhar e capaz de realizar tais sonhos;
jueves, 4 de noviembre de 2010
Ciclos
Esses dois dias atrás estava um pouco sem energia, mas tudo já voltou ao ritmo normal...
"Nascer e Morrer, processo constante. A cada instante nascemos e morremos. A unica coisa permanente é a mudança. No meio de tanto agito e transformação busco a tranquilidade na aceitação. Aceito o meu novo eu e também o novo mundo que me rodeia. Tento não me apegar no passado e insisto em não pensar no futuro.
Tudo o que necessito é aproveitar o agora. As vezes é difícil. Lembranças me perseguem e com elas a saudade vem. A incerteza sobre o futuro também da as caras. Tento não pensar. So observar. Observar o agora e me deixar levar. Tanto pensar atrapalha, anestesia e as vezes até mata os instintos. O estado meditativo ajuda a desconectar. Tento alcançar a "não mente" mas o meu ser racional interfere. O mesmo ser racional que me ajudou a trilhar o meu caminho. Mas o novo individuo que se forma a cada dia sente a importância do inconsciente. É hora de deixar o sub-consciente aflorar. É hora de morrer para logo voltar a nascer."
Sei que esse papo todo tem pinta de hiponga yogi doidão mas quero descrever a experiência na qual esse texto veio a minha cabeça...
Sentado 'a beira do rio espero. Acompanho o trabalho do barqueiro. Salta de barco em barco ate alcançar o próprio. Desfaz os amarres e com a ajuda de um remo se aproxima 'a escadaria. Com o sol já mais próximo ao oeste embarcamos. Remando contra corrente o pequeno indiano de braços fibrosos cruzou o rio em menos de vinte minutos. Nessa época do ano as aguas dos Ganjs baixam consideravelmente. Em uma das margens a cidade ganha espaço e as escadarias reaparecem, na outra se forma uma "praia". Mistura de areia, lama e barro, a praia dos Ganjs se estende por uns bons km's. Ao chegar ao outro lado avistei uma manada de búfalos. Uma das pessoas que vieram comigo deu a idéia de nadar. Eu não estava preparado e nem havia cogitado a idéia de entrar na 'agua. A verdade é que me surpreendi com o estado do rio. Bastante limpo para o que esperava e também não senti nenhum tipo de fedor. Ha anos um professor local esta lutando pela limpeza e conservação das aguas sagradas. Pelo visto o projeto tem dado resultados positivos. Andres pulou de cabeça. Seguido por Paloma e Greg. Impulsionado por essa inveja positiva tirei a roupa e entrei. A sensação de barro nos pés era um pouco incomoda no começo. Durante alguns segundos parei de pensar. Havia um silencio e uma tranqüilidade dentro dessas aguas. Quase instantaneamente minha cabeça reavivou e entendi. Vi claramente o quão intenso e cheio de vida é esse rio. Percebi que é um lugar sagrado independente de motivos religiosos. Pessoas nascem, vivem e morrem no rio com tal naturalidade que todos fazem parte de um. Existe uma união e constância no processo de vida e morte. E os Ganjs são o símbolo desse fenômeno. Tudo acontece no rio. O começo, o meio, o fim e o recomeço. O ciclo de morte e vida e reencarnação acontece constantemente. "Reencarnação" não nos conceitos religiosos. Reencarnação da matéria e da energia. A diferença entre chegar a essa conclusão e experimentar esse fato é muito grande. E o simples fato de entrar nessas aguas melhorou meu dia e meu humor. Olho para a margem e avisto a Ada. A 'unica do grupo que decidiu não entrar. Segundo ela o problema não é nem a sujeira nem a possibilidade de se contaminar mas sim a relação entre a morte e o rio. Sorrio por dentro(para mim, essa mesma relação com a morte faz do rio um lugar cheio de vida). Sai do banho revigorado. Nos secamos com o resto de sol. Logo ele se escondeu atrás da cidade e embarcamos de volta. E com essa pequena excursão calibrei as energias e pude começar a me despedir dessa maravilha de cidade. Namaste Varanasi, namaste.
"Nascer e Morrer, processo constante. A cada instante nascemos e morremos. A unica coisa permanente é a mudança. No meio de tanto agito e transformação busco a tranquilidade na aceitação. Aceito o meu novo eu e também o novo mundo que me rodeia. Tento não me apegar no passado e insisto em não pensar no futuro.
Tudo o que necessito é aproveitar o agora. As vezes é difícil. Lembranças me perseguem e com elas a saudade vem. A incerteza sobre o futuro também da as caras. Tento não pensar. So observar. Observar o agora e me deixar levar. Tanto pensar atrapalha, anestesia e as vezes até mata os instintos. O estado meditativo ajuda a desconectar. Tento alcançar a "não mente" mas o meu ser racional interfere. O mesmo ser racional que me ajudou a trilhar o meu caminho. Mas o novo individuo que se forma a cada dia sente a importância do inconsciente. É hora de deixar o sub-consciente aflorar. É hora de morrer para logo voltar a nascer."
Sei que esse papo todo tem pinta de hiponga yogi doidão mas quero descrever a experiência na qual esse texto veio a minha cabeça...
Sentado 'a beira do rio espero. Acompanho o trabalho do barqueiro. Salta de barco em barco ate alcançar o próprio. Desfaz os amarres e com a ajuda de um remo se aproxima 'a escadaria. Com o sol já mais próximo ao oeste embarcamos. Remando contra corrente o pequeno indiano de braços fibrosos cruzou o rio em menos de vinte minutos. Nessa época do ano as aguas dos Ganjs baixam consideravelmente. Em uma das margens a cidade ganha espaço e as escadarias reaparecem, na outra se forma uma "praia". Mistura de areia, lama e barro, a praia dos Ganjs se estende por uns bons km's. Ao chegar ao outro lado avistei uma manada de búfalos. Uma das pessoas que vieram comigo deu a idéia de nadar. Eu não estava preparado e nem havia cogitado a idéia de entrar na 'agua. A verdade é que me surpreendi com o estado do rio. Bastante limpo para o que esperava e também não senti nenhum tipo de fedor. Ha anos um professor local esta lutando pela limpeza e conservação das aguas sagradas. Pelo visto o projeto tem dado resultados positivos. Andres pulou de cabeça. Seguido por Paloma e Greg. Impulsionado por essa inveja positiva tirei a roupa e entrei. A sensação de barro nos pés era um pouco incomoda no começo. Durante alguns segundos parei de pensar. Havia um silencio e uma tranqüilidade dentro dessas aguas. Quase instantaneamente minha cabeça reavivou e entendi. Vi claramente o quão intenso e cheio de vida é esse rio. Percebi que é um lugar sagrado independente de motivos religiosos. Pessoas nascem, vivem e morrem no rio com tal naturalidade que todos fazem parte de um. Existe uma união e constância no processo de vida e morte. E os Ganjs são o símbolo desse fenômeno. Tudo acontece no rio. O começo, o meio, o fim e o recomeço. O ciclo de morte e vida e reencarnação acontece constantemente. "Reencarnação" não nos conceitos religiosos. Reencarnação da matéria e da energia. A diferença entre chegar a essa conclusão e experimentar esse fato é muito grande. E o simples fato de entrar nessas aguas melhorou meu dia e meu humor. Olho para a margem e avisto a Ada. A 'unica do grupo que decidiu não entrar. Segundo ela o problema não é nem a sujeira nem a possibilidade de se contaminar mas sim a relação entre a morte e o rio. Sorrio por dentro(para mim, essa mesma relação com a morte faz do rio um lugar cheio de vida). Sai do banho revigorado. Nos secamos com o resto de sol. Logo ele se escondeu atrás da cidade e embarcamos de volta. E com essa pequena excursão calibrei as energias e pude começar a me despedir dessa maravilha de cidade. Namaste Varanasi, namaste.
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