Varanasi. Cidade Sagrada. Rios Sagrados. Funerais sagrados. Vacas Sagradas. Maleantes Sagrados. Não. Os maleantes não são sagrados, são profanos. São como uma praga que se espalha pelos becos e desemboca ao longo dos Ganjs.
Depois de meia hora de negociação entramos em um ricksaw em direçao ao bairro antigo. Pagamos 60 rupias por um trajecto de 6 km. A primeira impressão da cidade foi positiva. Tive a sensação de estar entrando na verdadeira Índia. Ao descer do táxi caminhamos até a beira dos Ganjs. Sentamos na escadaria e observamos. Pessoas tomando banho, lavando roupa, orando. Crianças correndo e algumas soltando pipa. Alguns turistas com suas mega câmaras disparam a esmo. Meu olhar se fixa em um Sadhu. Homem santo. Vestido de laranja e vermelho. Em sua mao direita um espelho e com a esquerda passa uma espécie de maquiagem esbranquiçada no rosto. O celular toca. Prabhu. O proprietário de uma fábrica de livros ecológicos que hospeda viajantes em sua casa. Seu contacto nos foi dado pelo Tristam. Esperamos o tempo de fumar um cigarro e nosso anfitrião nos encontrou. O seguimos cidade a dentro. Os becos e ruelas parecem formar um labirinto. Começo a me interessar ainda mais por essa cidade, gosto de lugares nos quais posso me perder facilmente.
Cinco da manha e rua. Nos informaram que a melhor hora para fazer um passeio de barco é durante o amanhecer. Um chai acompanhado de um cigarro e para à beira do rio à negociar. Uma hora de barco pode chegar a custar 1.000 rupias. No nosso caso pagamos 50 por cabeça. Eu e o Rifle(o argentino que conheci em Pushka e que encontrei por casualidade ontem à noite) começamos a bombardear o dono do barco com contra-ofertas. Um brasileiro e um argentino barganhando com raça foi demais para o indiano. Ainda com cara de sono Rajan aceitou nos levar por 200 rupias. Com a luz do sol recém nascido vimos a cidade ganhar cores e formas a medida que nosso pequeno guia remava. A verdade é que a intensidade da vida nos Ganjs me fez apaixonar por essa cidade. É a cidade mais viva que visitei até hoje. Uma hora e meia depois, com um sabor de quero mais, desembarcamos. Paramos em uma Guest House mais turística para tomar o café da manha. De lá um safari fotográfico por essas ruas que falam, gritam e sussuram ao mesmo tempo.

jueves, 28 de octubre de 2010
jueves, 21 de octubre de 2010
post card turism
Pequena fila para deixar os sapatos. Desde dentro de um latão pego uma bandana para cobrir a cabeça. Lavo os pés e entro no templo. Ao descer a escadaria, o vejo. A luz do sol refletindo o dourado da construção causa uma impressao. A minha volta pessoas se ajoelham e tocam o chao com a testa em sinal de respeito. Esse é o maior ponto de peregrinação dos Sikh( http://en.wikipedia.org/wiki/Sikh).Um pequeno lago circula o templo. Pessoas tomam banhos sagrados em suas águas. Nao me sinto confortável fazendo turísmo em um lugar que é sagrado para os locais. Damos uma volta. Uns senhores sentados a sombra nos chamaram e ofereceram chai. Enquanto tomávamos o chá um deles nos explicou a história de seu povo. Uma hora mais tarde voltamos à rua. Para continuar nosso passeio turístico fomos até a fronteira com o Pakistao acompanhar a troca de guardas. Espetáculo decadente, resquício do British-Raj. Post-card turism é isso, ir aonde a "bíblia"( guia turístico) te manda.
miércoles, 20 de octubre de 2010
on the road(para variar um pouco ;)
No ónibus de Manali à Mc Leod Ganj um passageiro vomitou a segunda metade do caminho inteira. Na parada para descansar ele comeu e a comida nao bateu bem. Mais tarde o conheci. Um sul africano de 21 anos chamado Triston. Vestido meio hippie e com bigode estilo malandro carioca o garoto ia sempre com um sorriso na cara. Sempre de bem com a vida. Viajando com ele ia o Greg. 27 anos, 1,82 de altura, pele branca mas queimada de sol. Natural do Zimbabue mas há 5 anos morando em Londres. Acaba de começar um ano viajando pela Ásia. Chegamos na rodoviária as 04:30. Caminhamos uns 2km até chegar à Baksu. Esperamos amanhecer para buscar alojamento. Passamos duas noites na albergue. No terceiro dia Matt e Alex decidiram alugar motos e dar um rolé de dois dias. O tempo estava nublado e eu nao animei. Além disso eu já estava pronto para seguir. Dois dias na periferia do Quartel General do Dalai Lama foram suficientes. Os monges sao simpáticos. Os momos( pratos típicos tibetanos) sao deliciosos. Mas meus dias nas montanhas do Himalaya estavam contados. Greg também já estava afim de mover. A idéia era sair daqui em um ônibus público em direção à Amritsar, visitar o Golden Temple, ver a troca de guarda na fronteira com o Pakistan e pegar um trem em direção à Delhi na manha seguinte. Alguns dias na capital e seguir viagem à Varanasi. Cidade sagrada por excelência, aonde o ritual crematório à beira dos Ganghs acontece dia após dia. Planejo passar uns dez dias por lá. Agora o próximo passo é almoçar.
jueves, 14 de octubre de 2010
voltando ao diário 11/10/2010
Vento na cara. O ar passa pelo capacete, entrando aonde antes existiu uma viseira. O som mecânico da minha pequena companheira é música. Assim passo os últimos dias em Manali. Aluguei uma moto. Uma Yamaha 125cc de uns 25 anos de idade. Trasto Velho. Trasto valente. Acelero(acelerar = 40 km/hr.) na estrada entre Manali e Leh. Depois de meia hora de caminhos a estrada virou off-road. Aqui vou eu fazendo trilha montanha acima em direçao aos picos nevados do Himalaya. Depois de 3 horas de aventura chegamos à Rohtang. Uma espécie de parada para jipes turísticos. Estamos a mais de 3.000 metros de altitude, e para variar a vista é inacreditável. A temperatura caiu bastante e tento me esquentar bebendo um chai(chá típico na Índia). Quando comecei a esquecer das dores musculares causadas pelo trajecto já era hora de voltar. Eu não podia e nem queria pegar estrada à noite. Tirando algumas horas rodadas em uma vespa, a minha experiência com motos é zero. Dirigindo estilo prudente, volto sã e salvo ao albergue. Um banho quente de uma hora e saio para comprar a passagem de ónibus. Tic-tac Manali Tic-Tac...
tipo hippie
Anestesiado,
sem compromisso,
desapegado,
livre de relógio e calendário,
sentindo os sentidos
sem seguir os fatos.
Uma inércia voluntária me faz mover sem pressa, despreocupado.
Muitas vezes nao faço nada.
E do nada me faço feliz.
Feliz por estas alienado,
desconectado do mundo "normal".
sem compromisso,
desapegado,
livre de relógio e calendário,
sentindo os sentidos
sem seguir os fatos.
Uma inércia voluntária me faz mover sem pressa, despreocupado.
Muitas vezes nao faço nada.
E do nada me faço feliz.
Feliz por estas alienado,
desconectado do mundo "normal".
martes, 5 de octubre de 2010
para o alto e avante
À 1.950 metros de altitude. Aonde o ar é limpo, o verde da mata é mais verde e o azul do céu mais azul. Manali é o nome do vilarejo de quase 7.000 habitantes. Cheguei há mais de três dias e meu único compromisso é comer e descansar enquanto observo as montanhas que envolvem o vale. Lugar fácil de ficar. Lugar fácil de se perder mas também possível de ser achar. Acho que amanha ou depois vou ver a neve. A temporada de inverno só começa em dezembro mas alguns picos já estao brancos. Eu que me considero bicho urbano me encontro comodo no meio do mato. "Meio do mato" aonde tenho café espresso, conexao wi-fi e pizza. Viva o século 21. Ou nao...
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